dossiê: o que é ler melhor?
o que eu aprendi sobre leitura ativa e ler com objetivo
No ensaio “Como se deve ler um livro”1, Virginia Woolf escreve que o único conselho sobre leitura que uma pessoa pode dar a outra é não aceitar conselho algum e que cada leitor deve seguir seus próprios instintos, usar o próprio bom senso e tirar as próprias conclusões, pois a característica mais importante de um leitor é sua independência. Assim como fez Woolf, trago algumas ideias sobre a leitura2 enfatizando que elas não devem restringir a sua independência. Leia, pondere e pegue daqui o que te servir.
Muito se fala sobre ler melhor, o que pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Para mim, ler melhor envolve saber por que ler e o que quero tirar do texto, pois os motivos pessoais ditam o que vem a seguir: definir o que ler entre tudo o que há disponível e entender como ler diferentes materiais, dedicando a cada texto o tempo e o esforço que ele merece.
De acordo com Woolf, os livros têm classes e devemos separá-los para extrair de cada um o que cada um é capaz que oferecer, sabendo diferenciar os grandes livros de obras de menor valor, que não precisam ser escanteadas, mas que devem ser lidas de um modo diferente.
“O procedimento inicial, o de receber impressões com a compreensão mais extrema, é apenas parte do processo de ler; e deve ser completado, para que possamos obter todo o prazer de um livro, por outro. Resta-nos dar uma sentença sobre essa infinidade de impressões; resta-nos transformar as formas efêmeras em outra que seja resistente e durável. Mas não de imediato.” — Virginia Woolf
Depois que a poeira da leitura se assentar, “o livro irá retornar, mas de outro modo, flutuando até o topo da mente como um todo”, podendo ser comparado com outros livros dentro de seu gênero, inclusive com o que nos pareça o melhor de seu gênero. “Pairam na mente as formas dos livros que já lemos, solidificadas pelos julgamentos sobre eles que foram feitos por nós”, escreve Woolf.