Terry Eagleton escreveu que “sem interesses particulares não teríamos nenhum conhecimento, porque não veríamos nenhuma utilidade em nos darmos ao trabalho de adquirir tal conhecimento”1. Nesta frase está o fundamental para um projeto de estudo autônomo: dar-se ao trabalho de ir atrás do conhecimento e ter um interesse pessoal que instigue e sustente os estudos.
Não tenho tempo ou dinheiro suficientes para aprender tudo o que eu gostaria do modo mais formal. Para a minha sorte, na internet e nos livros há um universo de conhecimento à espera de quem se interessar por desbravá-lo. Como matrioskas, cada fonte de informação comporta outras. Basta saber pesquisar e selecionar.
De acordo com a neurocientista Maryanne Wolf, “tudo aquilo que lemos se soma a um acervo de conhecimentos que é a base de nossa capacidade de compreender e predizer tudo aquilo que lemos”2. Tudo se aglutina.
Formação pessoal não tem só a ver com certificados ou títulos. Vejo-a como um projeto para a vida. Como o esforço para nutrir-se; para se dedicar, sem burocracia, ao que nos move. No fim do estudo autônomo não está o diploma, mas a educação e o que se fez com ela.
É importante analisar se o estudo autônomo possibilitará a conclusão de objetivos pessoais. Há profissões que exigem (com razão) diplomas e certificados, mas há tantas outras onde o conhecimento e a prática são mais importantes. Se eu quisesse ser professora em escolas, precisaria da licenciatura. Para dar aulas em universidades, da pós-graduação. Para ser escritora, contudo, não preciso de diploma e posso organizar os meus estudos com mais liberdade e pessoalidade. Além disso, o estudo não precisa necessariamente servir a outro objetivo além do desejo de aprender.
Não exagero ao afirmar que o estudo autônomo definiu a minha vida. Sem acesso ao ensino de qualidade, consegui me virar. Com um computador, eu aprendi a programar e essa carreira inicial me permitiu cursar jornalismo. E eu não teria trabalhado como jornalista sem saber inglês, o que também fiz sozinha. Mas não trago somente a minha palavra em favor da autoeducação.
No conteúdo exclusivo: estruturando o meu projeto de formação como escritora; grade curricular; como encontrar e definir o que estudar.