Não sou organizada. Naturalmente, tendo à desordem: trabalhar no escritório bagunçado, começar livros demais ao mesmo tempo, esquecer da roupa na máquina de lavar. Me antecipo à desordem com planos e listas, tentativas de controle. Por muito tempo, fui assim com as leituras — o que não deu muito certo. Planejei ler um russo por mês e rapidamente não quis mais continuar. Aconteceu o mesmo quando tentei uma imersão em Dostoiévski. Meus “doze livros para o ano” nunca se sustentaram. Listas fixas me trazem ideias de imposição, a sensação de não estar lendo por prazer. Mas, se tenho aversão à rigidez da ordem, sem listas me sinto perdida entre opções. Então… o que fazer? Organizar ou não as leituras?
A resposta que encontrei não foi tanto uma solução quanto uma mudança de perspectiva: em vez de criar listas fixas e metas de leitura, tenho focado em manter o senso de direção. Pensando em listas como possibilidades soltas, não como algo ordenado e para ser concluído em um período específico, formo uma ideia vaga sobre a leitora que quero ser, para onde quero seguir com minhas leituras. É um caminho que muda continuamente.
Meu caderno de leituras guarda a lista dos livros que desejo ler no ano. Ainda é maio e já devo tê-la reescrito ao menos três vezes, pois ela não existe para me forçar a ler aqueles títulos. É mais sobre notar o rumo pretendido. Inclusive, mantenho as listas “descartadas” como registro do passado.
Também me organizo em torno de projetos — basicamente listas com temas ou autores que sinto vontade de explorar. Meus projetos atuais são: ler as 24 peças de Shakespeare que tenho; tudo de Edith Wharton e Susan Sontag; ler mais ficção científica. Não ouso ter prazos ou metas para esses projetos, pois não quero vê-los como obrigações ou me forçar a ler de todos ao mesmo tempo — aprendi na marra que essas coisas me cansam, e rápido.
Ao longo dos anos, desejo ler centenas de livros notáveis, descobrir outros quase desconhecidos, e ter ideias sobre a direção que pretendo seguir me empolga. Mas prefiro deixar a organização mais metódica para outras partes da vida — minhas leituras fluem melhor em uma espécie de serendipidade organizada.
sou bem assim... não gosto de listas, sinto que elas me prendem. A ideia de direção é bem boa, passa a sensação de um caminho mais acessível - seguimos por aí ... obrigado por compartilhar!
Eu me vi nesse texto! Vou organizar a direção, acho que é por aí!!!